quarta-feira, 16 de maio de 2012

Olhando o avesso

Hoje resolvi olhar-me pelo avesso, enxergar-me através da carne, do corpo, ir mais além..
e nessa viagem, fui obrigada a recordar momentos: de infância, de dor, de coragem, de amor... me vi tão pequenininha, voltei lá naquele tempo onde menores eram as perspectivas e disse amém...

me olhando pelo avesso ... que viagem seria essa, tão necessária para conseguir fazer o hoje?
Que criança era aquela? Desde ontem já lutava por uma nova era, brincava de ser grande.
Não tinha nada de resignada, jurava que tudo mudava, olhava as estrelas lá de cima de uma pedra e à tudo observava. Tinha um vulcão interior, tinha uma coragem e um desafio, iria mudar seu mundo, já que dentro dele não se via. Tinha atitudes de guerreira, chorava por dentro e sorria por fora, preferia que suas dores e sonhos ficassem sagrados no segredo, só na sua doce história.


Ela não tinha medo, aliás só um, o de não conseguir. Tinha certeza do "à que veio", o medo era o caminho a seguir.


Pobre dos pais que não conseguiam enxergar além dos parabéns à cada ano e ela crescia com desenvoltura e simpatia, personalidade forte de quem quer fazer acontecer. 
Adorei me rever criança, que bom que pude concluir assim. Também com uma avó daquelas, que enxergava além do ponto que limita a visão! Era uma sábia a minha avó e nem era letrada. Mas era sábia. Fazia coisas que nenhum doutor fazia, e ainda tinha tempo para me enxergar.
Anos passaram, o desejo aumentava, uma vez questionada, aquela menina que já era adolescente respondeu:
"sou o reflexo da criação" ... vai entender o que nem mesmo ela, naquele tempo não entendia.
Mas não é que ela conseguiu tantos feitos, conseguiu mudar até o gelo construído pela vida no coração de seus pais? Passou a ser referência,  a fortaleza, a solução dos problemas... pronto, bastou para blindarem a menina-mulher. Os pais se foram, o único irmão também, mas são perdas que todo passageiro por aqui tem.
Hoje voltando dessa viagem, me acho num presente, em plena metamorfose:  tirando a armadura, voltando a ser só a criança, mas agora sem a responsabilidade de não o sê-lo, porque esta criança já ultrapassou a dor, o coração é profecia de amor.







3 comentários:

Otavio Bütiner disse...

Somos ou não versão melhorada pelo tempo da criança de outrora.

Abço
Büti

Bruno Gaspari disse...

Oi Mercedes, amiga linda!
Poema reflexivo e envolvente
que nos faz reavaliar passado,
presente e futuro, parabéns!
Beijão;)

Mercedes Guimarães disse...

Obrigada por sua visita Otávio. Mas nem sempre somos versão melhorada da criança, queria eu ver isso como Unidade. Tantos se perdem e criam mundos destrutivos... mas gosto do seu jeito de interagir. Poetas reflexivos precisam disso. Grande abraço.

Bruno Gaspari, obg pelo incentivo e pelas belas palavras, pela sensibilidade da troca. Abç amigo poeta.